sábado, 5 de maio de 2007

Fome e Saciedade

No homem primitivo a possibilidade de alimento era errática e ocasional. Banquetes e festança, após uma caça bem-sucedida, alternavam-se com longos períodos de escassez e fome. É possível que esta irregularidade entre abundância e ausência tenha estabelecido, em nosso Sistema Nervoso Central, um mecanismo de síntese de produtos químicos chamados de neurotransmissores. Esses ‘transmissores’ estimulam de um lado a FOME e do outro a SACIEDADE. Nos dias de hoje sabemos que a maioria dos neurotransmissores estimula a "vontade comer" e a minoria induz a rejeição da comida.

Vamos entender como funciona todo o processo. Quando pensamos no alimento que nos agrada, o apetite se aguça. A famosa "vontade de comer" é decorrente da visão diante de um prato apetitoso ou do perfume do chocolate. Esses fatores excitam as glândulas salivares, o estômago se contrai e "ronca" nos induzindo a procurar pela "comidinha", muitas vezes fora de hora. Esses processos do organismo, em resposta aos estímulos dos sentidos, são naturais e originalmente concorrem para que o ser humano sobreviva, levando-o a alimentar-se.

Os sinais do estômago para o cérebro

Cada vez que o estômago permanece sem o alimento por 3 ou 4 horas, a parede gástrica secreta uma curta proteína (alguns aminoácidos reunidos, ou seja um peptídeo) chamada Ghrelina. Além de estimular a secreção de hormônio de crescimento a Ghrelina vai direto ao cérebro e avisa: "Oi, pessoal! Estamos há mais de 4 horas sem comida lá no estômago e vocês precisam avisar o computador central para ligar a fome". No caso daquele empresário típico que toma um cafezinho pela manhã, não almoça por falta de tempo, e só volta a ingerir algo no jantar, o nível plasmático de Ghrelina pode chegar a um patamar estratosférico.

A conseqüência de ficar tantas horas sem colocar algo no estômago, como no caso do empresário citado, é gordura certa. Tudo que ele comer no jantar (e muito provavelmente vai exagerar porque estará morto de fome) irá parar no depósito de gordura. E depois ele vai reclamar: "Não sei porque engordo! Não como nada o dia inteiro e não perco peso!". A Ghrelina é um indutor de fome. É melhor respeitar os avisos que ela nos fornece. Mas o ideal mesmo é organizar, com esmero e pontualidade, as refeições do dia para que, com o estômago cheio, não haja produção deste importante peptídeo acima do limite tolerável.

Logo após o início da digestão no estômago, o alimento já semi-digerido passa para o duodeno (intestino delgado) onde será processado, digerido e absorvido. Tanto nesta parte do tubo digestivo como no cólon (intestino grosso) existem grupos de células, denominadas células L, que são sensíveis aos alimentos protéicos e gordurosos (mas poucos respondem aos açúcares e carboidratos). Quando o alimento passa por estas células L ocorre o estímulo para que ela produzam dois peptídeos: PYY e GLP-1.

Estas siglas indicam substâncias que informam o cérebro sobre a saciedade, a suficiência do alimento já ingerido. E como se dissessem: "Por favor, mandem parar de comer! Já estamos aqui em baixo com muita comida e muito trabalho!" A mensagem intestinal é uma das armas poderosas que o nosso corpo utiliza para manter o peso. Comer depressa demais, mastigar mal, dar garfadas e mais garfadas, sem tirar os olhos e o rosto do prato é totalmente desastroso pois não proporciona o tempo necessário para que ocorra a produção de PYY e GLP-1.

O contrário é uma excelente dica para manter-se em forma. Experimente comer devagar, mastigar várias vezes o alimento, conversar descontraidamente com outras pessoas à mesa. Dê tempo para que seu organismo produza os peptídeos da saciedade. E você não terá de comer além da conta.

Veja OnLine - MAI 2007

quarta-feira, 2 de maio de 2007

TPM, um tormento para muitas mulheres

A tensão pré-menstrual é conhecida como o período em que não é recomendável ‘brincar’ com as mulheres. Nos dias que antecedem o período menstrual mensal, elas demonstram mais irritabilidade, ficam "de pavio curto", explodem em crise emotivas pelos motivos mais estranhos, tornam-se agressivas com seus parceiros e ainda são tomadas por um desejo avassalador de comer doces, chocolates.... muito chocolates.

A Justiça costuma eximir de culpa os eventuais atos de agressividade, mesmo física e corporal, cometidos por mulheres contra namorados ou maridos nesta fase do ciclo feminino. Durante a TPM, a mulher está dotada de total "falta de culpa" pelo que foi dito e/ou praticado e por castigos físicos ou morais infligidos aos familiares. Toda essa alteração de humor deve-se a uma combinação flutuante de dois hormônios, o estrógeno e a progesterona, que induzem modificações no comportamento feminino.

Os sintomas e sinais mais comuns


As frases agressivas, o sono interrompido, uma certa depressão sem motivo, a alimentação compulsiva, a sensação de "inchaço", a sensibilidade dos seios, confirmam que a TPM chegou. Nesta fase do ciclo menstrual, um poderoso neuro transmissor, isto é, um produto químico produzido pelas células nervosas, sofre queda de sua concentração, causando as mudanças de humor. Este neuro transmissor chama-se serotonina e remédios que elevam a concentração dessa substância podem aliviar, em grande parte, os sintomas da TPM.

Estudos recentes, com o uso de aparelhos extremamente sensíveis que medem o fluxo de sangue no sistema cerebral, demonstraram com clareza as alterações comuns à TPM. No início do período menstrual, quando as mulheres produzem apenas o estrógeno, principal hormônio feminino, certas regiões do cérebro que regulam o humor e as emoções estão providas de abundante circulação, muito oxigênio e muita nutrição. Logo após a ovulação se inicia a produção pelos ovários do progesterona, o segundo hormônio feminino. Com níveis crescentes deste hormônio as áreas cerebrais ficam menos irrigadas. O que levaria, segundo os neuro cientistas, a descargas elétricas anômalas, que induzem a irritabilidade, a falta de paciência, a depressão e mesmo a melancolia e apatia por um período de tempo (felizmente curto).

O que fazer nessa fase difícil


O recado é para os homens, as amigas mais próximas, filhos e familiares: na época da TPM a mulher está fragilizada e necessita de mais carinho, amor, suporte e paciência. Nada de críticas, piadinhas e frases como "você já comeu muito chocolate hoje", ou "cuidado com o peso, vai acabar engordando". É tudo que a mulher não quer e não pode ouvir nesse período. Além disso é só ter paciência, tudo deve voltar ao normal depois de três ou quatro dias. .

Veja OnLine - MAI 2007