A obesidade infantil é um problema mundial
Podemos dividir o problema das crianças com excesso de peso e as com obesidade instalada (índice de massa corporal elevado) em várias fases temporais. Na fase 1, iniciando-se ao redor de 1970, raramente tínhamos este problema nos ambulatórios do Hospital das Clínicas, e em hospitais infantis no exterior, como o Hospital de Crianças de Boston. Raros casos surgiam, quase sempre associados a outros distúrbios psiquiátricos, hormonais ou genéticos.
A partir, todavia, dos anos 90 o excesso de peso vem ocorrendo progressivamente em crianças de todos os níveis socioeconômicos, em vários grupos étnicos e em todos os Estados Brasileiros. O Nordeste, por exemplo, sempre considerado como albergando grande número de desnutridos, ao final do século vinte, já apresentava uma reversão desta tendência: o número de crianças com sobrepeso e obesidade ultrapassava aquelas com algum grau de desnutrição. Ampla oferta de comida, abundante e barata, pelo fim da inflação, acessível aos bolsos dos menos favorecidos, suplementação social por Bolsas Família, colocaram nas mesas dos socialmente mantidos nas classes D e E, uma quantidade de energia calórica bem maior e consistente do que em passado recente. O resultado parece ser claro: a fome oculta de muitas gerações, o baixo peso ao nascer, fruto de eventual desnutrição protéico-calórica durante a gestação, alterariam o “fomestato”, isto é, os reguladores da Fome e da Saciedade, desviando a entrada de energia calórica para um excesso alimentar, logo armazenado como GORDURA. Este tipo de fenômeno foi, também, observado nos EUA, em que as minorias hispânicas bem como os afrodescendentes têm um enorme contingente de crianças obesas.
A partir, todavia, dos anos 90 o excesso de peso vem ocorrendo progressivamente em crianças de todos os níveis socioeconômicos, em vários grupos étnicos e em todos os Estados Brasileiros. O Nordeste, por exemplo, sempre considerado como albergando grande número de desnutridos, ao final do século vinte, já apresentava uma reversão desta tendência: o número de crianças com sobrepeso e obesidade ultrapassava aquelas com algum grau de desnutrição. Ampla oferta de comida, abundante e barata, pelo fim da inflação, acessível aos bolsos dos menos favorecidos, suplementação social por Bolsas Família, colocaram nas mesas dos socialmente mantidos nas classes D e E, uma quantidade de energia calórica bem maior e consistente do que em passado recente. O resultado parece ser claro: a fome oculta de muitas gerações, o baixo peso ao nascer, fruto de eventual desnutrição protéico-calórica durante a gestação, alterariam o “fomestato”, isto é, os reguladores da Fome e da Saciedade, desviando a entrada de energia calórica para um excesso alimentar, logo armazenado como GORDURA. Este tipo de fenômeno foi, também, observado nos EUA, em que as minorias hispânicas bem como os afrodescendentes têm um enorme contingente de crianças obesas.
A Fase 2 da epidemia de obesidade infantil.