segunda-feira, 30 de março de 2009

CIRURGIA BARIÁTRICA E HORMONIO DE CRESCIMENTO

Há mais de vinte anos os cirurgiões ligados a especialidade de gastro-enterologia tiveram a ideia de reduzir o volume do estômago com a finalidade de diminuir o peso corporal de indivíduos com grande excesso ponderal. De uma forma arbitrária, mas que se tornou uma regra, a chamada cirurgia bariátrica é indicada somente para obesos com índice de massa corporal (IMC) superior a 40 ( IMC = o peso do paciente em quilos dividido pela altura em metros ao quadrado). Sabe-se que os obesos com mais de 40 kg/m² têm perspectivas de várias doenças concomitantes em futuro próximo.

Por exemplo, estes obesos terão (ou já têm) pressão alta, que necessita medicação constante, problemas de diabetes tipo 2, insulina muito elevada na circulação (levando a quadro de resistência à ação da insulina), muita gordura no fígado (esteatose hepática), tendência à insuficiência das artérias do coração (doença coronariana), depósito de colesterol nas artérias em geral e em artérias do sistema nervoso central, em particular, com alto risco para acidente vascular cerebral. Além de todos estes problemas de saúde o obeso mórbido tem dificuldade de locomoção por artrose nos joelhos e dores na coluna lombar, o que o faz ser muito sedentário (e cada vez mais gordo).

Os tratamentos clínicos nem sempre dão resultados

O obeso sempre procura, por vontade própria, o auxílio médico para resolver o seu enorme problema. Mas, infelizmente, quando a obesidade chega a nível superior a 40, parece que o "fomestato" - ou o mecanismo que controla fome e saciedade, está "quebrado'.

Apesar de tentar seguir o regime, de se privar do que gosta, de ver passar à sua frente os doces, sorvetes, chocolates, pizzas e macarronadas, churrascos com os amigos, festas de aniversário, comemorações de formatura, banquetes de casamento, etc., o obeso, mesmo medicado, tem perda de peso inicial (muito elogiada por todos), mas logo volta a ganhar peso. E o que é pior: ganha peso em valor superior do precedente do início da dieta.

Após 4 ou 5 tentativas de corrigir o grande excesso de peso vem o desânimo "eu não tenho jeito mesmo!". Muitas vezes o fator genético é importante e atua no sentido de acumular gordura, em grau crescente.

Várias são as modalidades de cirurgia bariátrica

Diante deste quadro, o obeso passa a pensar na "operação de redução do estômago". Informa-se com seu clínico geral, conversa com pacientes que já foram operados, ouve a opinião da família e procura o cirurgião que lhe foi indicado. Nesta consulta fica sabendo que existem várias modalidades de operação.

A mais simples é colocar um balão no estômago, mas as reações colaterais, os insucessos, a azia permanente logo afastam esta modalidade. Pode-se apenas reduzir o estômago (de 150 ml para 20-30 ml) por cirurgia laparoscópica. As cirurgias mais eficientes, quanto à perda de peso, são as que reduzem o estômago e, ao mesmo tempo encurtam o intestino, levando uma alça intestinal à pequena cavidade gástrica.

É a cirurgia chamada Capella. Neste tipo de ato cirúrgico, além do obeso comer muito menos (a cavidade gástrica é muito pequena), parte do alimento ingerido não é absorvido, pois com intestino menor, os nutrientes são excretados apenas parcialmente digeridos. Com este tipo de cirurgia pode-se deixar de absorver elementos importantes como Ferro, Magnésio, Cálcio, Vitamina B12, Ácido Fólico entre outros. Mas o problema maior é que a cirurgia bariátrica leva a estado de deficiência calórica, isto é, o que se come é muito menos do que se gasta. Segue-se perda expressiva de peso. Mas o corpo queima tanto a gordura acumulada como o tecido nobre - protéina (o que é totalmente indesejável).

O tratamento com hormônio de crescimento

O hormônio de crescimento (GH) possui qualidades que podem ser utilizadas em obesos, em fase de perda ponderal. Primeiro porque o obeso grau III, frequentemente, apresenta menor secreção deste importante hormônio. Segundo porque o GH é hormônio de efeitos anabólicos conserva a massa muscular e promove a "queima de gordura". Um grupo de pesquisadores decidiu estudar o efeito benéfico do GH após cirurgia bariátrica em 24 mulheres obesas. Após a cirurgia metade das pacientes (grupo A) recebeu 0,5 mg de GH em dias alternados, enquanto o restante (12 mulheres, grupo B) recebeu placedo.

Notou-se que os que estavam sob ação de hormônio de crescimento apresentavam maior perda de gordura e menor perda de massa proteica (massa magra). Ambos os grupos A e B perderam o mesmo peso em 3 e 6 meses.

Ao fim deste período o grupo A, tratado com GH, apresentava maior massa muscular e menor grau de tecido adiposo graças às qualidades anabólicas e lipolíticas do GH. Esta modalidade de terapêutica com GH apenas está se iniciando, mas oferece perspectivas excelentes para o obeso que se propõe a fazer cirurgia bariátrica, levando a melhores condições de composição corporal, qualidade de vida e capacidade energética.

Por Geraldo Medeiros 30-03-09

segunda-feira, 23 de março de 2009

OBESIDADE E DIETAS: UMA DIFICIL ESCOLHA

Não existe uma só modalidade de excesso de peso ponderal, ou seja, obesidade. Devemos sempre falar em "obesidades" no plural, porque, sem dúvida, leve ganho de peso da adolescente que brigou com o namorado e comeu uns quilos de chocolate a mais (à guisa do consolo) nada tem a ver com o insaciável obeso, cujo excesso de peso vem da infância, progrediu pela adolescência e ganhou força de obeso mórbido (ou grau III) ao redor dos 30-40 anos.

Obviamente a adolescente, que brigou com o namorado em breve terá novos amores e vai baixar ao peso normal enquanto o robusto obeso grau III irá lutar toda sua vida para tentar baixar o peso, com alguns sucessos, mas muitos fracassos, passando a ser o tipo gangorra ou sanfona que engorda-emagrece-engorda.

A ciência genética indica que este exemplo de obeso tem enorme probabilidade de estar ligado a vários genes que induzem obesidade. A maior recente descoberta neste controverso campo de pesquisa é que o gene FIO (fator de indução de obesidade) quando modificado, gera uma vontade enorme de comer quantidades enormes de alimentos altamente calóricos (bolo de chocolate com calda) e de beliscar a toda hora, principalmente à noite.

Muitas dietas e poucos resultados

Em artigo publicado recentemente, em importante revista médica, os autores estudaram os resultados de quatro diferentes dietas em 881 obesos, altamente motivados, inteligentes, cultos indivíduos que recebiam instruções mensais sobre nutrição - em grupos ou individualmente. Eles tinham acesso aos médicos e nutricionistas para esclarecer dúvidas e aprender os fundamentos científicos da composição dos alimentos e das bebidas que lhes eram oferecidas.

As dietas foram, basicamente, de quatro tipos: baixa em carboidratos, ricas em proteínas, baixa de gorduras, e as chamadas balanceadas. Ao fim de seis meses todos os participantes tinham perdido 6 kg (não importando a dieta), mas ao fim de um ano começaram a ganhar peso. Ao fim de dois anos os gordinhos tinham uma perda ponderal de apenas 4 kg.

Os autores do trabalho concluíram que qualquer que seja a dieta a perda de peso é a mesma e relativamente irrisória. Não concordo em nada com esta conclusão apressada e aparentemente pouco lógica. É importante, adaptar a dieta ao obeso, é essencial a participação do médico, é crucial a mudança do estilo de vida (sedentarismo).

Centenas de dietas vêm sendo propostas

Aproximadamente 20 ou 30 anos atrás, nos EUA, iniciou-se um período de verdadeira "neurose quanto as gorduras" por se julgar que toda a culpa das coronariopatias era devido ao elevado consumo de gordura animal. Louvava-se os óleos vegetais poli-insaturados, abolia-se a manteiga, satanizava-se os ovos.

Foi a época das dietas com elevado teor de Carboidratos (pães, massas, batatas) devido ao fato de se acreditar que as calorias dos farináceos eram menos "engordativas" que as fornecidas pelos presuntos, bacon, linguiças, carnes gordas, etc. Nos anos 70 o popular Dr. Atkins lançou a dieta que se contrapunha a todos os preceitos da época: muita gordura, ovos fritos com bacon, queijos em profusão, presuntos, etc., e nada de carboidratos.

Os gordinhos deliravam, pois comiam do bom e do melhor e perdiam muito peso pelo fato de, rapidamente, entrarem em estado de "cetose", isto é, substâncias derivadas do metabolismo de gordura que dão um hálito peculiar que lembra a acetona.

Mais recentemente surgiu com grande êxito a dieta das proteínas em que se estabelece "sinal verde" para proteínas animais (carnes, aves, peixes, queijos magros, ovos) e reduz a ingestão de carboidratos de alto índice glicêmico -- os que viram rapidamente açúcar no corpo humano.

Nestes últimos 12 meses, vimos publicados artigos defendendo a dieta de proteínas, a dieta do Mediterrâneo e a dieta balanceada. O fato é que os obesos NÃO são iguais sob o ponto de vista metabólico. Na mesma dieta alguns perdem mais peso que outros. Quando existe uma profunda e excelente relação médico-paciente o resultado é sempre melhor. O que se pode concluir deste estudo de dois anos é que os fatores comportamentais são mais importantes que alterações em carboidratos, gorduras ou proteínas.

A incapacidade de pessoas obesas, que são voluntárias a participar destes estudos a longo prazo (dois anos), é algo próprio da condição humana: ninguém aguenta ficar dois anos em disciplina alimentar severa e restritiva, mesmo com permanente assistência médica, psicológica e nutricional.
Neste ponto pergunta-se: qual a solução para a enorme crise de Obesidade (sempre crescente) que assola o planeta?

Uma cidade do sul da França talvez tenha a solução

Nesta pequena cidade francesa notou-se que os escolares estavam se tornando obesos, isto é, cerca de 18% das crianças eram bem gordinhas.

Deliberou-se que toda a comunidade deveria tomar parte em um projeto para resolver o problema. Portanto, o prefeito. como os donos de lojas, os professores, donos de farmácia e de restaurantes, associações esportivas, o jornal e rádio locais, médicos, enfermeiras e nutricionistas, TODOS se empenhariam no sentido de motivar as crianças a perder peso e a ter um programa de exercícios.

A cidade construiu mais centros poli esportivos, indicou itinerários para caminhadas e contratou vários instrutores de esportes variados. As famílias fizeram concursos de cozinha mais leve e dietética e fizeram rodízio de crianças para almoço e jantar.

Após três anos o índice de obesidade infantil decresceu para 8% (comparativamente a uma comunidade vizinha onde a obesidade infantil permanecia em 17%). O sucesso desta ação comunitária foi tão grande que hoje cerca de 200 cidades europeias estão seguindo o mesmo modelo. A conclusão é que muitas vezes a obesidade não pode ser resolvida individualmente, mas necessita apoio comunitário - uma medida, mais importante, creio eu, que o tipo de DIETA.

Por Geraldo Medeiros 23-03-09

segunda-feira, 9 de março de 2009

OBESIDADE NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE

Há cerca de 15 anos nota-se que a prevalência do excesso de peso e obesidade entre crianças e jovens adolescentes vem aumentando de forma assustadora tanto nos países industrializados como em países emergentes como a China, Rússia, Índia e Brasil, entre outros. Tomando como exemplo os Estados Unidos observou-se que cerca de 11% dos escolares apresentavam excesso de peso em 1990. Em 2005 este valor passou a ser de 29%.

Curiosamente os países anglo-saxônicos (EUA, Reino Unido e Austrália) são os campões desta estatística de obesidade infanto-juvenil. A definição de excesso de peso e obesidade é determinada em adultos pelo Índice de Massa Corporal (IMC) o qual é o número obtido da divisão do peso em quilos (kg) pela altura, em metros, elevada ao quadrado.

Todavia a criança e o adolescente crescem e a altura eleva-se a cada 6-12 meses, o que modifica o IMC sem que haja, necessariamente, excesso de peso ou obesidade. Para corrigir o fator crescimento estabeleceram-se tabelas com crianças e adolescentes de 2 a 20 anos indicando o IMC para cada idade (facilmente obtidas no site www.cdc.gov/growthcharts/49).

Quando a criança / adolescente está acima de determinado valor do IMC para sua idade dizemos que ela está com excesso de peso. No caso de ultrapassar os 95% do IMC para sua idade é considerada obesa.

A obesidade tem várias causas

O ser humano possui um complexo mecanismo controlador da Fome e da Saciedade que é estabelecido tanto na vida intrauterina como na fase pós-natal. Desde que haja aporte de suficiente de alimento na vida fetal este "termostato ou nutrostato" é perfeitamente regulado.

Após ingerir comida suficiente - em qualidade e em quantidade - cessa o estímulo (fome) para continuar a refeição, estimulando-se a saciedade. Na hipótese da criança, em gestação, receber poucos nutrientes vindos da mãe, passa a regular o seu "nutrostato" para a posição de fome continuamente.

Terá alta probabilidade de ser obesa, na fase pós-nascimento, por ter fome constantemente. Na fase pós-natal o recém-nascido que foi amamentado por seis meses ou mais tem muito pouca chance de ser obeso comparativamente àqueles que não foram amamentados com leite materno. Fatores genéticos são importantes.

Muito recentemente verificou-se que boa parte das crianças obesas tem uma alteração em determinado gene (FTO = fator determinante de obesidade), que leva à fome compulsiva e predileção por alimentos de elevado teor calórico. O meio ambiente, é óbvio, tem um papel muito importante para que o gene se manifeste. Quando ambos os progenitores são gordos existe no ambiente doméstico uma valorização muito grande do fator "comida", quase sempre de elevado teor calórico. Frequentemente a família utiliza-se de fast-food, comidas pré-preparadas, refrigerantes, pipocas, salgadinhos, batatas fritas... Tudo isso acompanhado de horas de TV.

Lanches e salgadinhos na escola

Recente levantamento realizado na cidade de São Paulo mostrou que na maioria das escolas havia uma ampla gama de salgadinhos disponíveis para escolares, todos ricos em gordura, altamente calóricos em embalagens atraentes. Mas pior ainda: as informações nutricionais das embalagens minimizam o conteúdo de gordura e de calorias, bem como do sal.

Quase todas as embalagens não estavam corretas e não faziam referência à gordura 'Trans", altamente prejudicial ao nosso organismo e, possivelmente, pior ainda para as crianças. Por outro lado quase todos os cinemas atraem crianças e adolescentes para o balcão onde saem enormes baldes de pipoca, imensos copos de refrigerantes, barras de chocolates com nozes, avelãs, etc. Todos estas guloseimas empurram a criança/adolescente à obesidade.

O fator sedentarismo

Há cerca de 30 ou 40 anos, a imensa maioria da garotada corria atrás de balões, jogava bola na rua ou em terrenos baldios, andava de bicicleta, empinava-se pipas, nadava nas piscinas, nos lagos, nos riachos. Hoje, após as aulas e os deveres escolares, a criança e o adolescente vão direto ao computador (se tiver), ou à televisão.

Os jogos eletrônicos atraem a garotada como mel atrai moscas. Os jogos acoplados à tela fazem com que o adolescente fique horas e horas sentado, com o gasto energético mínimo. Os aparelhos portáteis (game-boy, DS, PSP) levam o adolescente a deitar-se no sofá, onde, por horas a fio, afasta-se do mundo, hipnotizado pelo jogo eletrônico. Existe uma correlação nítida entre ganho de peso e tempo dedicado à televisão/jogos eletrônicos. Quanto maior o número de horas na tela, maior o ganho de peso.

Consequências da obesidade infanto-juvenil

A mais séria consequência ao excesso de peso na infância e adolescência é a progressiva incidência de obesidade na vida adulta. Estatísticas demonstram que crianças e adolescentes obesos serão candidatos à obesidade na vida adulta em proporção superior a 50%, isto é, cerca de metade dos obesos infanto-juvenis terão que lutar contra o excesso de peso durante a vida adulta. Além disso, as crianças e adolescentes que ultrapassam a barreira de um Índice de Massa Corporal superior a 95% são considerados como candidatos às mesmas comorbidades que os adultos - alterações nas articulações (principalmente joelho e coluna), pedras na vesícula, alterações nas gorduras do sangue (colesterol elevado, HDL-colesterol (colesterol bom)) baixo e propensão para doenças coronarianas em idade relativamente jovem (30 - 40 anos).

O tratamento deve ter a cooperação da família

O princípio fundamental é a mudança do estilo de vida: dedicar menos horas ao lazer sedentário e, pelo menos, uma hora por dia ao exercício aeróbico. Os gordinhos não gostam de Academia de um modo geral. A figura do pai é fundamental nesta parte do tratamento.

O pai é que deve estimular o filho a acompanhá-lo em caminhadas, em dar umas voltas de bicicleta, em nadar no clube. Para as meninas nada melhor que ouvir música no Ipod e dançar sozinha, em seu quarto, ao balanço da música, fazendo sua coreografia, jogando braços e pernas ao ritmo da música, pensando em estar no palco, participando de um show.

A dieta ainda considerada melhor é a supressão dos carboidratos de alto índice glicêmico (doces, sorvetes, chocolates, arroz branco, pão branco, etc). Usar mais pão integral, arroz integral, legumes, verduras, saladas. Muita proteína (carne, peixe, frango, queijos, ovos) e NUNCA pular refeições. Fugir dos salgadinhos e dos lanches da escola, da pipoca, dos refrigerantes. Ter o apoio do médico (ou da nutricionista) constante e frequente. Alguns medicamentos podem ajudar a partir dos 12 anos de idade.

A ansiedade por comer pode ser controlada. Com todos da família ajudando e o médico orientando existe ampla possibilidade de êxito nesta terapêutica comunitária.
Por Geraldo Medeiros 09-03-09

segunda-feira, 2 de março de 2009

SUA SAÚDE DURANTE O VERÃO

É verdade que o verão e algumas de suas principais características - praia, calor, sol, caminhadas pela areia, banhos de mar - revigoram as energias para as tarefas estressantes do ano todo. Mas a estação também pode nos trazer alguns dissabores.

Os alimentos que vêm do mar têm de ser frescos e bem armazenados em temperaturas baixas (muito gelo). Desta forma, os peixes, os crustáceos, os frutos do mar são conservados por algum tempo (mas não infinitamente) em condições sanitárias ideais. Um dos maiores problemas durante o verão é a contaminação bacteriana dos produtos do mar.

Seja pela longa exposição ao sol, ao ar exterior, com possibilidade de moscas voando por perto, ou por contaminação na cozinha (algum ajudante do cozinheiro não lavou bem as mãos), as bactérias logo se instalam no alimento e se proliferam. Sem dúvida os mais perigosos são os camarões e as lagostas.

É preciso saber que estes crustáceos contaminam-se e deterioram-se em questão de horas após o cozimento e, potencialmente, são como "bombas" de efeito retardado. As bactérias se acumulam, produzem toxinas, que irão induzir a famosa gastroenterocolite (vômitos, cólicas, diarreia). É um dos problemas mais comuns de saúde no verão.

As toxinas produzidas por bactérias levam a gastrite (inflamação do estômago), provocam vômito e induzem diarreia e desidratação. Dependendo da gravidade do caso, o paciente precisa ir ao hospital para hidratar-se e ser medicado com atropina e antibióticos.

Quanto à cozinha japonesa, todo cuidado é pouco e, talvez, este tipo de culinária deva ser reservado para outras ocasiões.

A água que bebemos nem sempre é potável

Todos os dias os jornais, durante o período do verão, divulgam as praias "impróprias" para o banho de mar, pois o nível de bacilos coliformes (proveniente de esgoto lançado ao mar) está elevado.
É claro que o desavisado banhista pode ingerir água do mar contaminada. Por outro lado a água dita potável, vinda da torneira, apesar de todo o esforço da Sabesp pode ser fonte de bactérias indesejáveis.

O melhor conselho é tomar a água de coco, refrigerante light ou zero, e muita água engarrafada. Este conselho vale, principalmente, para crianças.

Cachorros na praia são fontes de doenças

Muitas das praias do nosso litoral paulista proíbem a presença de cachorros.
Ainda assim, com frequência, observamos os animais na areia e na água. As fezes dos cães pode provocar doenças de pele como o bicho geográfico. As larvas ficam no subcutâneo e migram, causando enorme desconforto, coceira e mal estar. Um incômodo que pode ser evitado.

As águas vivas podem causar queimaduras

Em muitas praias do Sudeste, o aumento da temperatura da água do mar pode trazer as águas vivas, que em contacto com o banhista se sente agredida e lança um líquido abrasivo, provocando lesão cutânea muito dolorosa, como se fosse uma queimadura.

A lesão quase sempre é na região do peito ou das costas, maiores áreas expostas. O difícil é ver a água viva, pois ela é totalmente translúcida, com uma cor leitosa e fica na superfície da água, em grupos enormes. No caso de ser atingido por água viva, você deve sair da água, cobrir a área afetada com a toalha e procurar um posto de saúde ou hospital para receber antialérgico.

Eventualmente injeção de corticoide, aplicação local de cremes protetores e esperar os bons resultados do tratamento. Trate de aproveitar suas férias, curta o seu verão, aproveite a praia e o mar, mas cuide-se para não cair nas armadilhas para a saúde que foram mencionadas.

Por Geraldo Medeiros 02-03-09
Veja OnLine - MAR 2009