segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Carta a Revista Veja sobre a matéria: Victoza - Parece milagre

Carta endereçada pelo Dr. Geraldo Medeiros a Direção da Revista Veja


Diretor de Redação “VEJA”
veja@abril.com.br
Ref.  Victoza

Senhor Diretor,

A propósito da matéria “Parece um milagre....” sobre a ação da liraglutida (VICTOZA ® ) levando a perda ponderal em obesos, venho acrescentar alguns dados da recente publicação no “International Journal of Obesity”, de 16 de Agosto de 2011. O referido trabalho de Astrup e cols. relata o seguimento por  2 anos de 564 pacientes obesos (índice de massa corporal entre 30 e 40 kg/m²) os quais receberam doses crescentes de liraglutida, diariamente, até a dose máxima de 3mg / injeção diária. No primeiro ano do seguimento dos pacientes notou-se que a dose de 3mg / dia levava a maior perda de peso (3,5 a 8,5 kg / paciente) comparativamente a doses menores (1,8 mg/dia). Mas ao mesmo tempo cerca de um terço dos pacientes apresentou sintomas colaterais importantes como náuseas, vômitos, diarréia e palpitações, levando vários pacientes a desistirem da pesquisa. Por outro lado a continuação da terapêutica por mais um ano (2º ano) conduziu a perda adicional de apenas 5 kg, em média, em 268 indivíduos que concordaram em continuar o tratamento. Todos os pacientes foram instruídos a reduzir 500 calorias por dia de sua alimentação usual e a realizar exercícios aeróbicos, diariamente, durante o período de tratamento com liraglutida.


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

(CBAEM) Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia / (COPEM) Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia

O Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM) e o Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia (COPEM) foram realizados nas datas de 24 a 27 de agosto de 2011, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, reunindo cerca de 2500 congressistas, vários convidados de outros países e dezenas de professores e docentes das várias universidades do Brasil. Como várias sessões foram simultâneas, os congressistas tinham que optar por uma das 4 salas onde determinado assunto/patologia/diretrizes de tratamento estavam sendo discutidas. A avaliação geral do congresso foi boa com alguns problemas na área de projeção de dados, rápida mudança de figuras e gráfico, sem tempo para leitura e salas muito cheias pelo enorme interesse dos (das) Congressistas.

Na 4ª. feira, 24/8/2011, alguns cursos foram apresentados, salientando-se o de Densitometria Óssea (João Lindolfo Borges), Terapêutica Hormonal da Menopausa (Dolores Pardini) entre outros.


Na parte de tireóide, o Dr. David Cooper da Johns Hopkins University (foto) discorreu sobre o tratamento do Hipertiroidismo, baseando-se nas diretrizes recentemente publicadas na revista THYROID. Vários temas, dentro do contexto de Hipertiroidismo foram abordados, notando-se que os médicos norte-americanos usam o iodo radioativo como terapêutica inicial em 80% dos pacientes, enquanto os europeus, japoneses e latino-americanos preferem tratar pacientes com hipertireoidismo com fármacos por 12 a 18 meses antes de optar por cirurgia ou iodo radioativo.


Em outra palestra, o Dr. Cooper mencionou as últimas restrições do Federal Drug Administration a respeito do fármaco PTU (propiltiouracil) o qual teria conseqüências sérias para o fígado.


Tratar ou não o Hipotiroidismo Subclínico foi o tema do Dr. Sgarbi (Marilia, SP) notando-se que a maioria dos endocrinologistas tem a tendência de optar por tratamento desde que os testes de função da tireóide se mostrem alterados, mormente quando existe doença de tireóide familiar.


O Dr. Helton Rocha (Bahia) apresentou dados recentes da genética do hipotiroidismo congênito, inclusive sua experiência no estudo genético de tireóide fetais.


Naturalmente, o assunto câncer de tireóide foi muito comentado, discutido e criticado, tanto nas modalidades destinadas a avaliar a presença de nódulo suspeito até a moderna genética molecular do Carcinoma Papilífero. Novas terapêuticas quimioterápicas para câncer de tireóide resistente a iodo radioativo foram apenas mencionadas.


Outro ponto interessante do congresso foi a introdução de palestras, visando delinear o que ocorreu de importante nos vários setores da endocrinologia sob o título de “O ano em tireóide”, “O ano em obesidade”, “O ano em diabetes” e assim por diante.


Em síntese, o Congresso atingiu plenamente suas finalidades de atualização e aprendizado para todos os seus participantes.


O Prof. David Cooper, da John Hopkins University,
falando sobre tratamento do Hipertiroidismo
(CBAEM-COPEM, agosto 2011)