Geraldo Medeiros
Prevalência de moléstias da tireoide na população.
Tanto os pacientes como os médicos notaram que nestas duas últimas décadas, um número crescente de pessoas surgiu com alterações da tireoide, esta importante glândula situada na região cervical, que produz dois hormônios: a tiroxina (chamada de T4) e a tri-iodo-tironina (conhecida como T3). As denominações provêm do fato de que a T4 possui 4 átomos de iodo e a T3 apenas 3 átomos de iodo. Quase toda a tiroxina secretada pela tireoide perde um átomo de iodo e se transforma em T3 o qual é a forma ativa de hormônio tireóideo, executando as tarefas metabólicas (aumento do gasto energético, maior consumo de oxigênio, “queima” de gordura) bem como propiciando o crescimento das crianças, estimulando a geração de proteínas cardíacas, acelerando a excreção de sódio pelos rins, e muitas outras funções. Portanto, quando faltam os hormônios da tireoide surge o HIPOTIREOIDISMO, isto é, pouco hormônio da tireoide está disponível. É evidente que se um(a) paciente tem sua tireoide retirada por cirurgia, em sua totalidade, não haverá produção de hormônios tireóideos e, fatalmente, ocorre o HIPOTIREOIDISMO, o qual deve ser tratado com um comprimido de Tiroxina por toda a vida. Mas a tireoide pode, também, funcionar demais, ou seja, o paciente tem HIPERTIREOIDISMO (muito hormônio é secretado pela tireoide). Neste caso nota-se logo o emagrecimento, perda de força muscular, excessivo batimentos cardíacos (taquicardia, arritmia) fome exagerada, número de evacuações aumentadas e em cerca de 10% dos pacientes surge alterações oculares (olhos saltados para fora, com inflamação).
O HIPOTIREOIDISMO está aumentando na população.
A falta de função da tireoide é bem mais comum em mulheres e se eleva com a idade. A causa mais comum decorre da auto-agressão do paciente a sua própria tireoide. O mecanismo é relativamente simples de se entender. O(a) paciente pode herdar genes que a predispõe a ter este tipo de comportamento. Os genes que induzem a chamada auto-agressividade contra a própria tireoide já foram, parcialmente, identificados. Para nós basta olhar a família do(a) paciente. Quando existem muitos parentes próximos afetados com doença de tireóide, existe mais chance da descendência de vir a apresentar doença auto-imune da tireoide. O fenômeno parece ser dependente de permissividade ambiental, Isto é, existe uma predisposição genética, mas é importante um fator desencadeante ambiental. Este fator ambiental seguramente é o excesso de iodo. Quando uma população vive, anos a fio, com excesso de iodo na alimentação, a tireóide (cheia de iodo) torna-se “a bola da vez” para o nosso Sistema Imunitário. Este, achando que a tireóide muito iodada, não pertence ao corpo que a abriga, passa a gerar anticorpos contra a tireoide, os quais inicialmente causam inflamação e, logo, inicia-se um ataque destrutivo às células tireóideas. Com o tempo vem a falta de produção de hormônios e a paciente torna-se HIPOTIREOIDIANA, isto é, sem produção de hormônios da tireóide. Esta doença também é chamada de Tireoidite crônica ou Doença de Hashimoto e, em nossa população da cidade de São Paulo chega a atingir cerca de 16% das mulheres e 4% dos homens. Isto porque durante 1998 e 2004 o nosso sal (para uso humano) esteve excessivamente iodado. MUITO IODO torna a glândula tireoide mais antigênica, isto é, atrai anticorpos anti- tireoide. A solução é o tratamento diário, uso contínuo, de comprimido de Tiroxina, todos os dias pela manhã, em jejum.