quarta-feira, 20 de junho de 2007

Tratamentos alternativos contra obesidade

Com o avanço acelerado da pesquisa genética em seres humanos e o progressivo conhecimento do genoma humano (conjunto de genes), verificou-se que várias doenças, ditas metabólicas, como excesso de colesterol, diabetes, obesidade, doenças da tireóide são devidas a combinações de genes que induzem efeitos indesejáveis.

No caso da obesidade é cada vez mais claro que obesos herdam modificações genéticas que os induzem a ganhar peso, seja por menor queima de gordura, maior transformação do que é ingerido em tecido adiposo, menor dispêndio de energia quando fazem exercício, compulsão por certos alimentos ou combinação destes efeitos. Fatores que, inexoravelmente, leva à obesidade.

Desde que se aceite que a genética tem papel fundamental e importante na origem do excesso corporal, a intervenção medicamentosa terá efeito benéfico enquanto for usada. Com a interrupção do uso de medicamento os genes indutores da obesidade, progressivamente, levam o obeso ao patamar inicial de peso.

Tradicionalmente a Medicina usa cerca de dez a doze remédios para induzir perda ponderal. Muitos pacientes não toleram remédios para emagrecer, outros têm preconceito arraigado contra medicação. Grande parte ainda julga que pode vencer a genética sem ajuda do médico, e vários outros apelam para medicina alternativa, injeções de mesoterapia, recursos fisioterápicos discutíveis, cintas emagrecedoras e vários outros engodos.

Alternativas nem sempre são efetivas

A doutora Rosana Radominski, do Paraná, resumiu em publicação recente as alternativas comumente usadas pelos obesos que se recusam a usar remédios de farmácia, não pensam em realizar cirurgias redutoras do estômago e não planejam mudanças de hábito –alimentação e atividade física. Esses pacientes preferem a medicação alternativa que, embora pouco eficiente, tem sido empregada.

cafeína é uma substância química que se encontra nos grãos de café. Substâncias similares são detectadas no chá preto, no guaraná, no cacau. Todas são estimulantes do sistema nervoso central. Mas além disso a cafeína estimula a secreção de um hormônio chamado adrenalina (que faz o coração bater mais depressa). A adrenalina é estimulador da "queima" de gordura. Decorrente deste fato a cafeína (dependendo da quantidade ingerida) poderia induzir perda de peso pois leva a maior dispêndio da energia acumulada. Detalhe desanimador: a cafeína reduz mais peso em magros do que em gordos.

Substâncias tidas como naturais

Outra substância é a efedrina, extraída de planta da Ásia chamada "ephedra sinica". Outra planta fornece alto similar chamado fenil-efedrina. Ambas elevam a pressão, produzem taquicardia e, em conjunto com a cafeína, podem reduzir o peso. No entanto promovem agitação psíquica, uma vontade de falar sem parar, movimentos incessantes de mãos e dedos, insônia. E a perda de peso? É pequena para tanto efeito colateral.

E a maravilha do chá verde? É uma infusão de uma planta (camellia sinensis), sem prévia fermentação (o chá preto é fermentado). Parece que ajuda na queima do tecido adiposo e, parcialmente, dificulta a síntese de gorduras. Os chineses demonstraram que o chá verde diminui a insulina elevada, modula o apetite, controla o açúcar do sangue e "cura" diabéticos. Portanto, teremos, em futuro próximo, grande ofensiva publicitária, para que os obesos e os diabéticos passem a consumir litros e litros de chá verde, mas a perda de peso desejada não virá apenas com xícaras de chá quente.

Existe, também, no mercado, a quitosana, tida como um inibidor da absorção de gordura ao nível do intestino. Ou seja: coma a feijoada, tome quitosana, e a gordura passa direto, sem ser absorvida. Total engano: estudos bem conduzidos com esta substância extraída de crustáceos, não comprovaram a saída de gordura nas fezes.

É mais uma questão de fé do que de eficácia
E o crômio? Nas academias o picolinato de crômio é vendido às toneladas para aumentar o gasto energético, elevar serotonina cerebral e estimular a síntese de proteínas. Nada disso foi comprovado em estudos clínicos.

As fibras sintéticas (tipo Goma guar) ou naturais (Psillium) estimulam a motilidade intestinal, absorvem parte do colesterol ingerido, e teriam o efeito salutar na saciedade. Prometem perda de peso sustentável, mas podem dar diarréia, inibir absorção de vitaminas importantes como Vitamina A e D, e interferem também na absorção de vários remédios.

Algumas das substâncias referidas teriam um pequeno efeito salutar na tentativa de perder peso. Mas, neste mercado alternativo, existem mais promessas fantasiosas do que realidades palpáveis. Isto sem falar de possíveis efeitos colaterais. Controle sua dieta, caminhe bastante, faça outros exercícios. Só use os "produtos alternativos" se tiver muita fé no seu efeito milagroso. .

Veja OnLine - JUN 2007