sábado, 31 de maio de 2008

Pressão alta e obesidade

A elevação da pressão arterial acima de níveis normais é o fator de risco mais importante para as doenças cardio-vasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença renal crônica. Os levantamentos populacionais, realizados no Brasil indicaram fatos curiosos.

Pressão arterial acima de 140 X 90 mmHg encontrava-se presente, na população examinada, entre 22,3% (São Paulo) a 43,9% (em Araraquara).

Os gaúchos de Porto Alegre apresentavam hipertensão em 26% dos examinados, enquanto que outra cidade do interior de São Paulo, Cotia, os hipertensos constituíam 44% da população.

Não existe uma explicação clara e definitiva sobre esta variação, até porque a pesquisa não inclui avaliação de aspectos como sexo, etnia, fatores sócio econômicos, obesidade e sedentarismo.

Mas a mensagem principal deste tipo de levantamento é importante: no mínimo cerca de um terço da população adulta está com pressão elevada e não tem noção desta perigosa anomalia.

Por outro lado, cerca de metade dos pacientes que já se sabem hipertensos não mostram aderência ao tratamento instituído e sequer seguem as instruções do médico para mudar o estilo de vida.

Ainda neste quadro desalentador observou-se que apenas 10% dos hipertensos, cuidadosos no uso da terapêutica recomendada, exibiam níveis normais de pressão arterial.

Medida da pressão arterial

O método mais utilizado para a medida da pressão arterial é o chamado indireto, no qual o aparelho portátil (aneróide) é colocado no braço e o estetoscópio na localização da artéria braquial. Os aparelhos de parede contendo a coluna de mercúrio são os mais precisos e, portanto, menos susceptíveis a estarem descalibrados.

Os aparelhos eletrônicos de leitura fácil e manejo simplificado (não necessitam de estetoscópio) evitam erros relacionados ao observador e são muito úteis no uso doméstico para controle da pressão arterial. A posição recomendada para medir a pressão arterial é a sentada. Alguns profissionais medem P.A. em ambos os braços.

Em alguns pacientes é importante mensurar a P.A. na posição ortostática (de pé) e, a seguir deitada para verificar a queda de pressão com a mudança de posição (queda de P.A. quando se levanta bruscamente).

Mais raramente, em casos de Pressão Arterial elevada se recomenda a Mensuração Ambulatorial de Pressão Arterial (M.A.P.A.) na qual o paciente fica com o aparelho ligado ao antibraço por 24 horas tanto na vigília como durante o soro.

Crianças e idosos podem ter valores P.A. diferentes dos adultos jovens. Tabelas especiais indicam os valores normais.


A obesidade e a Pressão Arterial

A impressão dos leigos é que todo obeso deve ter P.A. elevada e ser, e forma automática, um candidato aos transtornos cardiovasculares. Nem sempre isso é verdade, pois muitos obesos mórbidos apresentam P.A. dentro de valores normais. A obesidade, por si mesma, é fator de risco para a hipertensão.

Os obesos, tipo Andróide com proeminente volume abdominal, cintura acima de 100cm, pernas relativamente pouco volumosas, perfazendo o tipo de chamado de "maça" são os que terão P.A. elevada. Além disso, este tipo de obesidade andróide possui outras alterações conhecidas:

• Presença de gordura no fígado (esteatose)
• Níveis de insulina plasmática elevada • Excesso de colesterol e derivados
• Tendência a diabetes tipo 2

Todos estes fenômenos associados são chamados de Síndrome Metabólica e a boa notícia é que a queda do peso corporal leva a normalização rápida da P.A. bem como de outros fenômenos patológicos.

A explicação de pressão alta em obeso andróide

Os cientistas estudaram as artérias pequenas e médias dos obesos andróides com insulina elevada e que tinham pressão alta. Notaram que a camada muscular das artérias estava muito aumentada em comparação com artérias de indivíduos normais.

O aumento do músculo arterial irá, forçosamente, diminuir o diâmetro do "tubo arterial" ou, em outras palavras a "luz" do vaso. Como as artérias ficam mais estreitas (o músculo arterial cresce) a pressão dentro dos vasos aumenta.

Este fato hidrodinâmico é muito conhecido em Física. A boa notícia é que apenas com 10% de perda ponderal, decréscimo da insulina plasmática e melhora da gordura depositada no fígado, progressivamente o músculo arterial pode voltar a ser de tamanho normal e a hipertensão irá ser controlada com mais facilidade e com menos remédios.

Portanto, hipertensão em obesos exige perda de peso, mudança de hábitos de vida, realização de um programa de atividade física e dedicação à prescrição médica. voltar


Veja OnLine - MAIO 2008