segunda-feira, 6 de abril de 2009

CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL E SEUS PROBLEMAS

O período da gestação tem muita importância para a estatura final da criança.
Perda da estatura fetal pode levar a criança a se colocar em outra curva de crescimento abaixo do seu potencial genético. O fator nutricional da criança em gestação é primordial para que, ao nascer, ela tenha uma estatura normal.

Neste ponto entra a placenta (órgão que transfere nutrientes da mãe para o feto) como fator muito importante. Uma placenta muito pequena, implantação anômala, alterações vasculares placentárias irão transferir menor quantidade de nutrientes para o feto. Além disso, se a mãe estiver em carência crônica de alimento (fome constante, falta crônica de alimentos) obviamente não poderá transferir ao feto todos os nutrientes que o organismo fetal precisa.

O uso de drogas (cocaína, maconha e outros), o abuso do álcool, o vício do tabagismo, doenças sérias (diabetes, hipertensão) podem causar deficiência ou retardo do crescimento intrauterino. Mas raramente o feto poderá ter alterações genéticas que interferem no crescimento intrauterino. Portanto a criança que nasce já com déficit de crescimento se não for convenientemente tratada poderá não atingir o seu potencial genético estatural.

O crescimento no período pós-natal

Esta fase está extremamente ligada a múltiplos genes (elementos que trazem a herança familiar). Por exemplo, nos gêmeos idênticos (chamados de homozigóticos) pode haver, ao fim do período de crescimento, uma diferença de 3 cm, atribuída a fatores ambientais (tipo de alimento, falta de proteína, doenças contraídas na fase do crescimento). Em gêmeos que não são idênticos (chamados de dizigóticos) a diferença pode ser de 12 cm entre um e outro dependente do sexo feminino/masculino, de aporte de nutrientes, de atividades ao ar livre, do sono noturno contínuo e reparador.

Entre irmãos (do mesmo pai e mãe) a diferença pode ser de 16 cm, devido a menor herança de genes favoráveis a crescimento em um dos irmãos comparativamente ao outro mais baixo. Na população em geral a variação estatural é de 25 a 30 cm (e às vezes maior) por diversos fatores genéticos, nutricionais, moléstias intervenientes.

É óbvio que as crianças que vivem em ambiente desfavorável - com baixa nutrição - irão crescer menos que as que têm bom aporte de alimentos. Claro que o fator genético é importante contribuindo para 80% da estatura final. Mas se faltar "comida" as crianças não irão atingir o seu potencial de altura.

Um dos exemplos mais citados é o Japão do século XIX onde a comida era escassa e não dava para todos. Uma parte dos japoneses imigrou para os Estados Unidos e na geração seguinte, já exibiam estatura bem mais alta que as crianças que tinham ficado no Japão.

Os fatores hormonais normais para crescimento

A glândula hipófise, nossa glândula mestra, secreta vários hormônios importantes entre eles o hormônio de crescimento, chamado pela sua sigla em inglês (GH, growth hormone).

O GH é produzido em picos ou surtos, durante o dia dependente de exercícios, de variações de açúcar do sangue, mas primordialmente do estímulo para a hipófise produzi-lo, que vem do cérebro. Outra característica da produção do GH é que este hormônio é de secreção noturna, isto é, sua maior produção é sempre à NOITE das 21 às 4 horas da manhã.

Quando a criança, por vários motivos, não tem aquele sono reparador de 9 até 11 horas, a produção de GH declina e a criança pode crescer menos. Crianças sob violento estado de stress - exemplo: separação dos pais - fica angustiada, insegura, tem sono interrompido e, portanto diminui a produção de GH, o que será um fator de menor estatura final.

O GH age no fígado e este produz um outro fator de crescimento chamado de IGF. A falta de IGF, por doença hepática (tipo hepatite C, por exemplo) pode ser causa de menor estatura final. Ambos os hormônios GH e IGF estimulam a cartilagem dos ossos longos a produzir mais "osso novo" com o consequente crescimento da criança.

Vem daí, a ideia de pedir sempre uma radiografia dos ossos das mãos e punhos para avaliar como estão as cartilagens de crescimento e a chamada Idade Óssea. O ideal é ter a idade óssea sempre atrasada em relação à idade cronológica -- criança com 10 anos e idade óssea de 8 anos tem muito chão para crescer.

O oposto, quando a idade óssea está adiantada em relação à idade cronológica, indica menor possibilidade de se atingir a estatura programada.

Testes para avaliar o crescimento

Antes de falar de testes o mais importante para o médico é ter uma ideia de como a criança cresceu durante todos os anos que precede a consulta.

Infelizmente muitas mães e pais não marcam a estatura dos filhos, não vão ao médico da Unidade Básica de Saúde, e não têm um histórico do gráfico de crescimento da criança. Para saber se a criança possui bom nível de produção de GH utilizamos vários testes provocativos. O mais simples é pedir para a criança fazer exercícios, isto é, subir e descer um lance de escada várias vezes por 15 a 20 minutos.

Colhe-se sangue, antes e após o exercício e avalia-se quanto GH foi produzido e liberado. O teste normal indica que não será necessário tratamento com GH. Mas testes anômalos com baixa produção de GH podem ser indicativos da necessidade de administrar este hormônio. Outra recomendação muito importante: a criança deve ser levada ao médico ANTES do início da puberdade (8-10 anos para meninas e meninos).

Os resultados do tratamento para crescer são muito melhores na criança que, ainda, não tem sinais de puberdade.

Por Geraldo Medeiros 06-04-09