sexta-feira, 1 de junho de 2012

Óleo de Coco – Milagre para Emagrecer ou Mais uma forma de enganar os(as) gordinhos(as)?

Introdução

O uso do óleo de coco para tratamento da obesidade tem recebido grande destaque na mídia, fato que refletiu uma corrida dos obesos às lojas buscando uma solução milagrosa para perda de peso. De acordo com os defensores do óleo de coco, este ajuda a prevenir e tratar uma série de condições médicas. Entretanto, é preciso ter cautela, afinal o óleo de coco é uma gordura e, como qualquer outra, quando consumida em excesso, engorda. Adeptos da Coconut Diet indicam que o indivíduo deve consumir  3 colheres de sopa do óleo de coco por dia. Em uma colher de sopa há 117 Kcal e 13,6 g de gordura, ou seja, mais calorias que uma colher de manteiga ou azeite. 



Suplementos de Óleo de Coco X Perda de Peso

Em relação à perda de peso, os estudos com suplementos a base de óleo de coco são extremamente escassos e de baixo grau de evidência.

Os defensores do óleo de coco se baseiam na teoria de que os AGCM são facilmente oxidados a lipídeos e não armazenados no tecido adiposo, quando comparados aos AGCL. Por esta inferência, e pelo fato do óleo de coco ser rico em AGCM e pobre em AGCL, seu uso poderia ter efeito no tratamento da obesidade.

Um estudo conduzido em humanos concluiu que o uso do óleo de coco virgem, por ter alto teor de AGCM, parece ser benéfico para redução de gordura abdominal, em especial em homens, sem alteração significativa do perfil lipídico, mas vale ressaltar que este estudo foi realizado em apenas 20 indivíduos, não foi duplo cego e o acompanhamento foi feito por apenas quatro semanas.


Outro estudo conduzido por um grupo de Alagoas, estudou 40 mulheres entre 20 e 40 anos, que foram randomizadas em dois grupos – um que recebeu óleo de coco e, outro, recebeu óleo de soja – de forma duplo-cega por 12 semanas, além de orientação dietética, com nutricionista, com dieta hipocalórica e orientação para prática de atividade física. Como resultado, a suplementação de óleo de coco não alterou o perfil lipídico e a perda de peso foi idêntica nos dois grupos. No entanto, os autores verificaram redução de circunferência abdominal no grupo com óleo de coco em relação ao óleo de soja (-1,4cm vs 0,6cm). Os pesquisadores concluíram que é necessário acompanhamento por um período prolongado para estender tal recomendação a outras populações e que mais estudos devem ser conduzidos. Além disso, esse mesmo estudo mostrou que a suplementação do óleo de coco teve uma tendência a elevar os níveis de insulina circulante. Em uma população chinesa, a suplementação de um óleo que misturou AGCL e AGCM por oito semanas pareceu ser positiva para redução de peso e melhora do perfil lipídico de homens com hipertrigliceridemia.
Em contrapartida, outro estudo que avaliou a relação entre o comprimento da cadeia de ácidos graxos, saciedade pós-prandial e ingestão alimentar em homens magros concluiu que não existe evidência de que o comprimento da cadeia de ácidos graxos tenha efeitos sobre apetite ou ingestão alimentar.


Conclusão

Fica claro que, apesar das diversas teorias positivas sobre o óleo de coco, os estudos ainda são escassos e controversos, tanto para o perfil lipídico quanto para o emagrecimento. É importante ter em mente que a gordura saturada do óleo de coco, mesmo que com melhor composição que outras fontes de gordura saturada, deva ter seu consumo restrito. Ainda é válida a recomendação de que uma dieta de alta qualidade para saúde deve limitar a ingestão de gordura saturada (7% do valor calórico total da dieta), substituir gordura saturada por monoinsaturada e poliinsaturada, aumentar o consumo de ômega 3, fibras solúveis, vegetais e frutas.

O uso de suplementos a base de óleo de coco está longe de ser um milagre para emagrecer. Certamente seu uso é mais um modismo, sem respaldo científico e que, portanto, deve ser desestimulado.

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