O
sobrepeso em pessoas de constituição física com predomínio do aumento de
circunferência abdominal aliado a braços e pernas finos, tem sido comparado a
uma “maçã”. Nesses casos, a gordura existente entre as vísceras abdominais está
muito aumentada. Este tipo de gordura é
metabolicamente ativo, predispondo o organismo a desenvolver diabetes mellitus,
doenças cardíacas e infarto do miocárdio, constituindo a Síndrome Metabólica.
Já
nas pessoas que apresentam menor volume abdominal e predomínio de gordura nas
coxas e quadris, assemelhando-se a uma “pera”, não há efeito metabólico
consequente ao ganho de peso.
Figura 1. Distribuição da Periférica (Pera) e
central (maça) da gordura. Foto Ilustração: Sociedade de Cardiologia do Estado
de São Paulo (Socesp).
O
indicador mais aceito para avaliar os fatores de risco é a circunferência
abdominal. Essa medida não é tecnicamente difícil e deve ser feita com uma fita
métrica, colocada na parte superior do osso do quadril, paralela ao chão, e
logo após uma expiração completa do paciente.
Resultados
iguais ou superiores a 94cm no sexo masculino e 80cm no sexo feminino aumentam
a probabilidade da ocorrência das patologias citadas anteriormente. Vale
salientar que somente exames de imagens sensíveis como a ressonância magnética
permitem melhor diferenciação do tipo de gordura presente.
Os
fatores que geram em alguns indivíduos maior quantidade de células gordurosas
nas coxas, enquanto em outros a concentração maior ocorre no abdomem, parecem
ter origem hormonal, fato evidenciado em mulheres menopausadas, com aumento de
gordura abdominal e alterações importantes nos testes metabólicos. Fatores
genéticos também exercem influência importante.
Os
tratamentos disponíveis para tentar reduzir peso em pacientes obesos com
predomínio de gordura abdominal, visam reduzir ingestão de alimentos
“calóricos”, aumentar a atividade física e melhorar a qualidade de vida,
adotando hábitos cotidianos mais saudáveis. Enquanto a meta de peso ideal não
for atingida, medicamentos específicos para controle dos distúrbios metabólicos
devem ser utilizados. Procedimentos cirúrgicos como a lipoaspiração permitem
apenas a redução da gordura subcutânea, não interferindo nos parâmetros
alterados pela gordura visceral (figura2).
Figura 2. Localização das gorduras subcutânea
e intra-abdominal (ou viceral)