quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Baixos níveis de hormônio masculino em idosos



Mecanismos de produção e transporte da Testosterona.

O principal hormônio masculino – chamado de Testosterona – é produzido pelas gônadas masculinas (testículos), mediante um constante estímulo por substâncias químicas hipofisárias, isto é, produzidas pela glândula hipófise e conhecidas por suas siglas LH e FSH. Estes hormônios estimulam um grupo de células testiculares (chamadas de células de Leydig) a secretar o hormônio masculino, a Testosterona. Todavia a Testosterona assim que é secretada pela gônada masculina e entra na circulação é rapidamente direcionada a entrar em uma proteína chamada SHBG que seria como um ônibus transportando o hormônio masculino em seu trajeto aos vários destinos corporais. Desta forma a Testosterona somente é liberada nos locais onde realmente irá exercer sua ação masculinizante. Obviamente o tecido cerebral recebe a Testosterona a qual determina o comportamento típico masculino, com a vitalidade, a agressividade, a ativação da libido e a capacidade de enfrentar agressões físicas ou emocionais. A Testosterona estimula o crescimento dos pelos faciais (barba) e os pelos que cobrem o tórax e os membros. Estimula a próstata, a vesícula seminal, a função erétil e a espermatogênese. Finalmente a Testosterona tem um importante papel na manutenção da força e da massa muscular bem como do cálcio no sistema ósseo.



A Testosterona é transformada no corpo humano.

O hormônio masculino pode, em pequena percentagem, ser transformado em hormônio feminino (estradiol) através de uma enzima chamada aromatase. Esta pequena quantidade de estradiol é normal na fisiologia do homem. Por outro lado a Testosterona é transformada em um produto chamado De Hidro Testosterona (DHT) por outra enzima (5 alfa reductase). O DHT tem uma enorme afinidade pelo receptor celular que está preparado para receber a Testosterona. Em muitos homens o excesso de 5 alfa reductase leva a geração de excesso de DHT o qual age nos folículos pilosos levando à calvície (outra característica masculina).


A Testosterona declina com a idade.

A produção do hormônio masculino – Testosterona – apresenta nítida queda na circulação com a idade. Estudos conduzidos em milhares de homens saudáveis indicam que a partir dos 40 anos existe declínio do nível de hormônio masculino. Por exemplo, na faixa dos 20 anos o nível médio de Testosterona Total seria ao redor de 500-600 ng/mL e aos 40 anos de 400 ng/mL. À medida que as décadas vão se acumulando o nível de Testosterona Total permanecem na faixa dos 300 – 400 ng/mL. Mas o fenômeno que se observa é que o nível da Testosterona chamada LIVRE, isto é, que já “desceu” do ônibus e está “solta” para executar suas funções, é o que mais declina com a idade. Explicando melhor: a Testosterona Total pode estar normal, mas o nível da Testosterona livre (a qual é a forma ativa do hormônio) pode estar baixo. Portanto em homens acima dos 40 – 50 anos devem sempre solicitar que o laboratório nos forneça ambos os valores: Testosterona total e Testosterona livre, para avaliarmos se vale a pena introduzir terapêutica com hormônio masculino.


Níveis de Testosterona e qualidade de vida.

Em homens acima dos 60 anos ocorre, com frequência, a queda de Testosterona livre. Tal fato se acompanha de consequências não de todo desejáveis como declínio da capacidade cognitiva, isto é, de aprendizado de novos conhecimentos, de raciocínio mais apurado, de realizar rapidamente decisões importantes com os fatos que lhe são apresentados. É conhecido o fato de que o declínio da Testosterona livre no idoso leva a perda da massa muscular. O músculo torna-se menos volumoso e perde o seu vigor de concentração, e velocidade de resposta ao estímulo. No exame do músculo nota-se várias alterações microscópicas das fibras musculares indicando uma discreta degenerescência. Por outro lado, o declínio da Testosterona livre conduz à saída do cálcio do sistema esquelético tornando o osso mais frágil e sujeito a fraturas. Existe, também, aumento de quedas involuntárias durante o andar. Muitos idosos, com baixo nível de Testosterona livre apresentam anemia, a qual poderá ser corrigida com terapêutica hormonal. Em resumo: a queda da Testosterona livre reduz a vitalidade do homem idoso bem como sua qualidade de vida.


Aspectos sexuais da queda da Testosterona livre.

A queda da Testosterona livre leva, com frequência, à diminuição do desejo sexual (queda da libido). Em questionários distribuídos a milhares de idosos 39% dos idosos indicaram, como queixa principal, o decréscimo da libido e motivação sexual muito diminuída. Existe, no entanto, muito debate e ampla controvérsia sobre a associação da libido diminuída e existência de disfunção erétil. Alguns trabalhos indicam que ambos fenômenos são concomitantes enquanto outros pesquisadores afirmam que são fenômenos independentes. De qualquer forma não existindo contra indicação formal (por exemplo, câncer de próstata) o consenso é que o idoso pode e deve ser tratado da sua deficiência hormonal. Várias modalidades de tratamento com Testosterona existem no mercado internacional tais como adesivos cutâneos com o hormônio que “penetra” por via transdermica, bem como Testosterona em forma de gel, que é friccionada na pele. Mais comumente é utilizada a Testosterona injetável de longa ação (3-4 meses). Esta última preparação é a mais conveniente (e relativamente mais cara), mas requer apenas uma injeção a cada 3-4 meses. A qualidade de vida e a vitalidade do idoso, além da melhora cognitiva e sexual, são consequências desta terapia hormonal.