quarta-feira, 12 de julho de 2017

A Hipófise e a Tireoide no idoso

Geraldo Medeiros

A Hipófise é a glândula “mestra” do nosso corpo 


A Hipófise, pequena glândula com dois lobos e uma haste central, localizada logo atrás da parte superior do nariz, seria a conexão do sistema produtor de hormônios (sistema endócrino) com a região do sistema nervoso central chamada de hipotálamo. 
 Esta região do nosso cérebro “conversa” o tempo todo com a hipófise através da haste hipofisária a qual traz e leva informações que “nosso computador central”, isto é, o cérebro quer transmitir ao nosso sistema hormonal. Desta forma o Hipotálamo manda mensagens químicas para a Hipófise indicando que deve iniciar a produção de hormônio estimulador da tireóide (chamado TSH). Tal informação é realizada por um composto químico constituído por três amino ácidos o qual é denominado TRH. Por outro lado, o Hipotálamo controla os hormônios que estimulam as gônadas (tanto masculinas como femininas) enviando o GnRH à glândula Hipófise. Outros elementos químicos como o CRF e o GRF estimulam a hipófise a produzir hormônio, respectivamente das supra-renais e o hormônio de crescimento. Em resumo: O Hipotálamo é uma verdadeira fábrica de elementos químicos que controlam nossa glândula mestra: a Hipófise.


O sistema hipofisário e a terceira idade

Após 5-6 décadas de vida ocorrem em todas as pessoas algumas alterações hormonais importantes. Por exemplo, nas mulheres com o advento da menopausa (cessam os ciclos menstruais) existe queda dos hormônios femininos, estradiol e progesterona. Os ovários deixam de funcionar e não há mais liberação de um óvulo por mês. A hipófise, notando que o nível de hormônios femininos decresceu, inicia uma tentativa de “revitalizar” o sistema ovariano. Começa a ordenar a “fabricação” imediata de enormes quantidades de FSH (hormônio que estimula o ovário a fazer estradiol) e LH (hormônio hipofisário que estimula a ovulação). Portanto, quando procuramos saber o nível de LH e FSH na circulação de mulheres menopausadas, vamos achar cerca de 8-10 vezes mais LH e FSH na corrente sanguínea. Tais hormônios são vasos dilatadores e responsáveis pelos “fogachos”, sudorese abundante, certa falta de ar, alguma “agonia” que são tão comuns nas mulheres em menopausa. A reposição hormonal irá reduzir ou “curar” completamente estes sintomas desagradáveis.

Por outro lado, a cada década da vida após os 30 anos existe menor produção de hormônio de crescimento (GH) possivelmente por ordem do nosso computador central (sistema nervoso) o qual manda ordens ao hipotálamo para cessar o estímulo químico para que a hipófise secrete este hormônio de crescimento. Aliás, temos aqui uma questão semântica: o hormônio de crescimento assim o é denominado por ser aquele que permite, induz e mantém o crescimento da criança, do escolar, do pré-puberal e, finalmente, até o fim da puberdade quando o adolescente já atinge sua altura final. Mas o hormônio de crescimento não é somente indutor de crescimento tendo outras várias ações metabólicas no nosso corpo.


O declínio de produção de GH com a idade

Passado o período de crescimento o GH possui atividades relacionadas ao metabolismo em geral. É, sem dúvida, o responsável pela distribuição do manto adiposo em nosso corpo. Comparativamente ao adulto jovem o idoso tende a acumular maior quantidade de gordura na “barriga”. O GH é fator de melhora do sistema muscular, coloca mais cálcio nos ossos, incrementa a formação de proteínas, induz sensação de bem-estar e, mesmo, certa euforia. Por causa destes efeitos ocorre o uso ABUSIVO de GH por parte de jovens (que não precisam), mas principalmente em idosos muitas vezes sem a menor indicação médica. O uso abusivo de GH traz alguns transtornos como dores nos punhos (o túnel do carpo fica inchado), no coração (hipertrofia) além de outros transtornos metabólicos. É importante frisar: o uso de GH deve ser restrito aos idosos com deficiência comprovada deste hormônio.Problemas da tireoide com a idade.A glândula tireoide também envelhece com o passar dos anos. É muito mais comum encontrar-se, ao exame pela ultra-sonografia, a presença de nódulos e cistos (cerca de 30% dos idosos podem ter nódulos na tireoide). Alguns destes nódulos são malignos e, após punção com agulha fina e exame das células, confirmando-se a presença de malignidade devem ser retirados cirurgicamente. O(a) idoso(a) é frequentemente portador(a) de HIPOTIREOIDISMO com mínimos sintomas: fadiga, intolerância ao frio, falta de força, ganho de peso. O exame de sangue indica a presença de anticorpos anti-tireoide os quais estão “inflamando” a tireoide e impedindo a correta produção de hormônios. É importante ter esta possibilidade em mente porque MUITOS DOS IDOSOS não têm este diagnóstico confirmado. O consenso entre os médicos é que o exame da tireoide deve ser realizado, nos idosos, ao menos uma vez por ano, pois o tratamento do HIPOTIREOIDISMO irá trazer enormes benefícios ao idoso(a).