terça-feira, 12 de setembro de 2017

A temida Celulite Feminina

Geraldo Medeiros

A definição de celulite é controversa

Existe uma definição feminina, ou apontada pelas “amigas”, que é vaga e imprecisa. Basta a mulher ter umas pequenas depressões na região das coxas (região também chamada “culote”), que logo se instala a “neura” da celulite. Nos meios médicos a celulite seria uma alteração dos tecidos que sustentam a pele, afetando o sistema celular que dá origem a fibroblastos, que serão transformados em fibras formadoras do arcabouço de apoio ao conjunto de células subcutâneas (adiposas, vasculares, nervos, músculo). Os médicos dão o nome de “celulite” a fenômenos que, basicamente, são lipoesclerose ou fibro-edema ginoide.

Estes nomes complicados se traduzem por excesso de gordura (muitas células adiposas) e aumento de tecido fibroso subcutâneo (para a “celulite” tipo lipoesclerose). Na segunda denominação se encontra novamente o excesso de tecido fibroso, surge o edema (muito líquido) e se agrega a palavra ginoide, isto é, alteração dermatológica própria da mulher.


As causas da celulite da mulher

Como a “celulite” é raramente observada no sexo masculino, esta manifestação cutânea é um “fantasma” na vida feminina. A deformação estética seria a soma de várias alterações no subcutâneo, talvez iniciadas por uma nutrição deficiente das células que dão firmeza e sustentam o subcutâneo. É provável que alterações da microcirculação subcutânea leve a alterações com “morte celular” devido a menor oxigenação. A célula que morre é substituída por tecido fibroso o qual irá provocar pequenas depressões no tegumento cutâneo. Os adipocitos (células que contém gordura) são essenciais para manter a textura do subcutâneo, pois, devido a sua elasticidade, permitem uma pele bem lisa e “esticada”. No caso de excesso de adipocitos (alimentação exagerada, compulsão por doces / chocolates, bebidas alcoólicas em exagero) os adipocitos se multiplicam debaixo da pele, formando verdadeiras “ilhas” de gordura que irão deformar a pele. Outro problema sério é o desequilíbrio hormonal feminino. A falta de ovulação mensal, o excesso de hormônio feminino (estradiol), a eventual geração de hormônios com ação masculinizante, em seu conjunto podem alterar a população celular subcutânea, induzir mais fibrose, alterar a micro vascularização e conduzir ao aspecto cutâneo irregular, por compressão de vasos locais, aumento do tecido adiposo, provocando as conhecidas ondulações na pele.


A chamada “celulite” feminina é classificada em 4 estágios

Estágio I: há uma alteração das células do tecido adiposo, porém a região afetada não apresenta modificação circulatória e nem dos tecidos de sustentação, apenas uma dilatação venosa. Não há sinais visíveis na pele nem dor neste estágio da celulite.

Estágio II: neste estágio a celulite caracteriza-se por uma alteração circulatória por compressão das micro veias e vasos linfáticos. O sangue e a linfa, líquido que banha as células, ficam represados e, consequentemente, ocorre um edema intercelular. Também há, um endurecimento do tecido de sustentação e as irregularidades na pele ficam aparentes, mas ainda não existe dor.

Estágio III: a celulite neste estágio apresenta o aspecto de “casca de laranja” e fica dolorida. A fibrose se instala e a circulação acaba comprometida. Podem aparecer vasinhos e microvarizes e uma sensação de peso e cansaço nas pernas.

Estagio IV: é a fase considerada mais grave, com as fibras mais duras, formando nódulos, e a circulação prejudicada. A pele apresenta depressões e tem aspecto acolchoado. As pernas ficam pesadas, inchadas e doloridas e a sensação de cansaço é frequente, mesmo sem esforço. Neste caso, os tratamentos são demorados e com melhora parcial. O problema exige rigorosa avaliação médica e até intervenção cirúrgica, principalmente se houver gordura localizada e depressões no tecido adiposo.


O diagnostico médico da celulite

Para se diagnosticar a celulite existe exames específicos como a videocapilaroscopia por fibra ótica, videotermografia computadorizada e ultrassom. Mas a celulite é uma doença facilmente reconhecida pela textura da pele: há um endurecimento do tecido de sustentação e a formação de nódulos.

Além destes métodos citados acima, existem também outras maneiras de diagnosticar a celulite, tais como:

Termografia cutânea: método obtido por meio de contato por cristais líquidos microencapsulados, um elemento importante para a prática de diagnóstico da celulite, além de ser econômico. Com este método, poderemos ver através de cores (cromaticidade) a irrigação sanguínea da pele e do tecido subcutâneo, determinando as áreas celulíticas.

Termometria cutânea: método que dá resultado exato, realiza-se através de diversos tipos de termômetros e permite observar ou precisar os pontos mais frios e quentes.

Xeroradiografia: é uma técnica que permite assimilar a presença de áreas nas quais o tecido tem maior ou menor densidade, bem como permite observar a diversidade de estruturas se são duras ou moles, assim como a passagem entre tecidos, diferenças entre o tecido cutâneo, subcutâneo e muscular e as modificações que podem produzir-se nesses tecidos.As partes mais vulneráveis para o aparecimento da celulite são os glúteos, a lateral, face interna e posterior da coxa, e o abdômen.

No caso de haver obesidade (na mulher) não é necessário o uso de metodologia dermatológica para o diagnóstico da celulite, pois, sem dúvida o acúmulo de tecido adiposo no abdômen, nas coxas e quadris, leva a manifestações características da celulite. O excesso de gordura (muitas células adiposas) comprime a vasculatura, existe morte celular e substituição por fibrose. Este ponto já leva ao Estagio 4 da “celulite”. O tratamento, obviamente, deve ser de determinar a causa (ou causas) da obesidade, introduzir tratamento adequado nutricional, insistir na atividade física e, sobretudo, mudar o estilo de vida.


O tratamento da celulite

Existem poucos campos da patologia médica em que se “inventou” tantos procedimentos, técnicas, “maquinas”, pílulas milagrosas, injeções miraculosas para eliminar a célula. A classe médica, em geral, se tornou muito pouco entusiasta de tantas alternativas, que passam por drenagem linfática, endermia (massagem mecânica e vácuo suave), sucção local, eletro lipoforese (agulhas que dão pequenos choques) a carboxiterapia (está com muitas críticas de vários dermatologistas) e a incrível aceitação por esteticistas do aparelho Velashape (radiofrequência, raios infravermelhos e manipulação mecânica). Com tantas técnicas, aparelhos, manipulações, as aflitas senhoritas e senhoras procuram o “tratamento” recomendado pelas amigas, e, se submetem a qualquer dor, incômodo, procedimento que lhe remova a “celulite”. Uma vida saudável, um peso correto e exercícios diários talvez sejam mais eficientes na prevenção da celulite.