terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Células Adiposas e Obesidade

As células adiposas são as que armazenam gordura.

As células adiposas, também denominadas de ADIPOCITOS, são formadas a partir de elementos celulares mais primitivos, os quais, progressivamente, amadurecem e passam a ser os nossos “depósitos” de GORDURA. O organismo tem nas células adiposas a sua Reserva Energética, isto é, assegura excesso de gordura para os períodos de fome prolongada, quando não existe a ingestão de alimentos. 
O jejum prolongado por dias, seja por motivos médicos (cirurgias de grande porte, internações em terapia intensiva, alterações cirúrgicas de estômago e outras estruturas intestinais) ou por motivos religiosos, políticos, como forma de protestar (greve de fome), leva a uma rápida e constante depleção de gordura das células adiposas fornecendo, desta forma, a energia indispensável para que o organismo possa manter suas funções vitais (coração, cérebro, rins, fígado, etc). É interessante observar que o nosso computador central (o sistema cerebral) envia ordens ao mecanismo que controla o gasto energético (a tireóide, por exemplo) para poupar, o máximo que puder, a “queima” de gordura no período do jejum. Assim “desliga” o sistema hepático, que transforma o hormônio T4 em hormônio T3, mais ativo metabolicamente (ambos da tireóide). O hormônio T3 é conhecido como “agente gastador” de energia acumulada. Com esta medida metabólica pouco T3 é gerado e a célula adiposa pode guardar por mais tempo a sua “Reserva Energética”. Em animais que hibernam no Inverno do Hemisfério Norte, tais como a marmota e o urso, a mesma fisiologia ocorre: desliga-se a formação de T3 para reduzir o gasto energético durante o período de frio e volta-se a ligar na primavera.


Formação e número de células adiposas.

O rechonchudo bebê, padrão de saúde, com suas roliças formas, cujo exemplo típico são os “anjinhos” que encontramos nas fontes renascentistas e em figuras de altares católicos, ainda possuem um número de células adiposas muito pequeno, embora repletas de gordura. No gráfico que apresentamos nota-se que o número total de células adiposas do corpo humano aumenta com a idade, a partir dos 4-5 anos de idade até a puberdade, tanto nas meninas como nos meninos. As adolescentes possuem mais células adiposas que os rapazes por causa de produzirem estrógenos (hormônios femininos).



Portanto as jovens e belas adolescentes têm um total numero de células adiposas que se aproxima ao valor de 40 bilhões de adipocitos enquanto os rapazes chegam a possuir cerca de 30 bilhões de células com gordura. Passada a adolescência o número de células de gordura pouco ou nada aumentam em número, permanecendo nos valores acima durante toda a existência do ser humano. No entanto as crianças e os pré-adolescentes obesos têm número de células adiposas bem maior que o normal (cerca de 60 bilhões de adipocitos) fato este que os predispõe para obesidade na fase adulta.


Recente descoberta indica que a gordura aumenta, mas o número de células é sempre o mesmo.

Em pesquisa recentemente publicada, cientistas do Instituto Karolinska, da Suécia, obtiveram várias amostras de tecido adiposo, obtidas de cirurgias abdominais, de lipoaspiração e de biópsias de massas abdominais de obesos.

As conclusões iniciais foram as que todos sabiam. O número de células fica sempre ao redor de 30-40 bilhões em termos numéricos (exceto para os que já tinham obesidade infanto juvenil). Existe, como em todo organismo vivo, cerca de 10% de renovação destas células por ano de vida. No processo de “aumento de peso” isto é, quando o que ingerimos é muito superior ao que nós gastamos, as células adiposas começam a “inchar” com o excesso de gordura acumulada. Na eventualidade de haver balanço energético negativo, isto é, quando se faz “regime” e se inicia a perda ponderal a célula adiposa que já estava “enorme” cheia de gordura, libera a gordura, mas continuam aumentadas de volume. Quando o “ex-gordinho” já mais magro e elegante, diz um “basta” ao regime, ao exercício, ao uso diário de eventual medicação, nota-se uma situação constrangedora: as células adiposas “vazias” ficam clamando para serem preenchidas, novamente, por gordura. Como estão, agora, maiores do que as normais, são potencialmente capazes de guardar mais GORDURA, isto é, o(a) gordinho(a) que, disciplinadamente, fez o regime, perdeu peso, está elegante, se defronta com a possibilidade de ser levado(a), novamente, à obesidade, pelo fato de seus adipocitos vazios clamarem por serem locupletados por gordura. Os cientistas suecos comentam que este fator ligado às células adiposas seja, talvez, um dos principais motivos, porque seria tão difícil manter o peso, após criteriosa, intensiva e custosa perda ponderal. Em outras palavras, o obeso que perde peso tendo adipocitos enormes e vazios tem muito mais chance de voltar a ganhar peso comparativamente a um indivíduo magro com suas células adiposas de tamanho normal.

Este raciocínio também se aplica a obesidade infantil. Na fase em que os adipocitos estão aumentando em número (ver o gráfico), em havendo grande “comilança”, muitos sanduíches, doces, chocolates e sorvetes, as crianças obesas não só aumentam o número de adipocitos como também estas células adiposas “incham” de tanta gordura. Decorre deste fato que cerca de 65% das crianças obesas irão evoluir para adultos obesos. Mas já surgiu uma “luz no túnel” para obesos tanto infantis como adultos. Notou-se que a intensa atividade física, o decréscimo de nível de insulina elevado, e um regime equilibrado podem, em conjunto, diminuir o volume da massa adiposa, isto é, “desinchar” o adipocito, combatendo-se o efeito “gangorra”. Medicamentos também estão sendo testados para frear a geração de gordura que rapidamente ocorre no “ex-obeso”, dando a ele ou ela maior chance de permanecer dentro do peso almejado.