terça-feira, 20 de junho de 2017

Cirurgia para obesidade

CIRURGIA PARA OBESIDADE: quando se indica, como se executa, quais as consequências?



Para quem se indica a cirurgia.

A epidemia de obesidade observada em todo o mundo moderno elevou, substancialmente, o número de obesos considerados como “mórbidos”. Este grau avançado de obesidade é medido pelo peso do indivíduo (em kg) dividido pela sua altura (em metros) e denominado de Índice de Massa Corporal - IMC. Como exemplo, um homem de 1,70m e com peso de 120kg teria um Índice de Massa Corporal de 41,5kg/m². Os obesos de grande porte são aqueles que apesar de inúmeras dietas, longa permanência em SPAs, uso constante ou esporádicos de medicamentos variados e recebendo suporte psicológico adequado, podem perder peso mas voltam ao patamar ponderal anterior (às vezes suplantando o peso inicial). Para este grupo especial de obesos tenta-se a redução de ingestão e absorção de nutrientes por meio de redução do estômago e/ou encurtamento do intestino (procedimentos chamados de cirurgia bariátrica). O consenso mundial aprovado em Congressos e Eventos ligados a Obesidade seria de que somente obesos com IMC superior a 40kg/m² ou com mais de 35kg/m², associados a outras doenças metabólicas importantes (diabetes, hipertensão, excesso de colesterol, insuficiência das coronárias) seriam passíveis de serem selecionados para a cirurgia.




Como se executa a cirurgia.

Inicialmente cirurgia bariátrica NÃO é um ato cirúrgico cosmético. Muitos dos obesos de grande porte têm várias moléstias associadas (diabetes, hipertensão, vasculares, etc.) a que se soma o risco inerente a uma cirurgia gastro intestinal de grande porte. Existe, também, na classe médica o receio de que equipes cirúrgicas menos treinadas e qualificadas venham a se intitular como especialistas neste campo sem terem o treinamento adequado.

Basicamente a cirurgia pode ser “a céu aberto” isto é, o cirurgião abre a pele, o subcutâneo, as camadas interiores e chega até o estômago. Existe portanto, no abdômen do obeso mórbido, uma grande e profunda ferida cirúrgica (infecções, ruptura de pontos, sangramento). A alternativa válida é a Video-Laparoscopia, ou seja, o cirurgião introduz pequenos tubos (3) em minúsculos “furos” no abdômen e opera-se olhando a televisão que projeta as imagens do interior do abdômen.

As operações, basicamente, visam DIMINUIR o ESTÔMAGO (banda vertical ou anel) ou diminuir o estômago e encurtar o intestino.

Obviamente a cirurgia vídeo assistida tem menos complicações pelo simples fato de não “abrir a barriga” do obeso (a). É absolutamente indispensável ser realizada por equipe treinada, equipada e com vasta experiência.



Quais são as consequências da cirurgia bariátrica.

Vamos basear as considerações que se seguem em matéria publicada em importante revista médica americana, que resumiu todos os fatos ligados à cirurgia bariátrica analisando 136 artigos recentemente publicados. A cirurgia que diminui o estômago leva a perda média de 50% do peso inicial (mas houve grande variação nos resultados, isto é, de 32 a 70% do peso inicial). Já a redução do estômago com diminuição do intestino apresenta 68% de redução do peso inicial (variando de 33% a 77%). Portanto o tipo de cirurgia dupla, estômago e intestino, apresenta melhores resultados na questão de perda ponderal.

A perda de peso induzida pela cirurgia, obviamente, será, em grande parte devida à menor capacidade do estômago em aceitar volume de “comida”. Nada de feijoadas, bacalhoadas, paella, rodízios de churrasco e peixadas monumentais. No caso de exagerar lá vem o problema: existe possibilidade de regurgitação (vocábulo utilizado eufemisticamente para abrandar a verdade).

Existe, igualmente, a melhora quase que imediata do Diabetes e da Hipertensão (os quais são muito ligados ao excesso de peso). Falta relativa ou absoluta de Ferro, Vitamina D, Vitamina B12, outros minerais, deve ser investigada e corrigida. É excelente para o paciente o desaparecimento dos distúrbios do sono (ronco, apneia do sono) com melhor qualidade de vida. Os valores de colesterol e triglicérides diminuem significativamente, poupando o(a) paciente de apresentar doenças cardiovasculares no futuro. Admite-se que o ex-obeso, após o benéfico efeito da cirurgia bariátrica, irá ganhar cerca de 12 anos a mais de vida com evidente melhor qualidade pessoal e social.

Falta-nos, contudo, estudos detalhados de possíveis consequências a longo prazo, se existe indicação para obesidade infantil, como treinar equipes cirúrgicas e, sobretudo, alertar a população (os grandes obesos) que a cirurgia bariátrica apresenta riscos, traz algumas consequências e, não raro, o obeso volta a ganhar peso (o que, convenhamos, é extremamente decepcionante). 

Dr. Geraldo Medeiros