terça-feira, 5 de dezembro de 2017

CÉLULAS TRONCO: ESPERANÇA PARA DIABÉTICOS

Geraldo Medeiros
 

Obtenção de células tronco

As células tronco são reconhecidas como uma alternativa terapêutica futura para várias moléstias (diabetes, neuropatias, defeitos congênitos, moléstias genéticas). Muito se tem debatido a respeito de como obtê-las, nas razões éticas de serem utilizadas, nas possibilidades ainda incipientes de renovarem tecidos “doentes” como miocárdio, células hepáticas alteradas, reconstrução de nervos, outras alterações neurológicas bem como várias outras aplicações potenciais em diversos setores do corpo humano.Apesar dos biólogos e médicos reconhecerem que as células tronco têm um enorme potencial de aplicações, existem barreiras legais e éticas para a obtenção deste material biológico. Como se sabe, o enorme desenvolvimento da Reprodução Assistida, em Clínicas especializadas em Fertilidade Humana, teve como conseqüência, a progressiva elevação de embriões humanos conservados em nitrogênio líquido, em temperaturas muito baixas e que ficam por tempo indefinido aguardando solução. O que fazer com os embriões humanos? Legalmente não se pode destruí-los. Razões religiosas, éticas e legais ainda não permitem o uso destes embriões para obtenção de células tronco. É possível, segundo especialistas, que apenas parte do embrião humano possa ser retirado, as células tronco obtidas cultivadas e eventualmente utilizadas, mas mesmo tal proposta é, ainda, discutível e controversa.


Obter células tronco de cordão umbilical

Muitas senhoras, já na gravidez, são informadas que o sangue do cordão umbilical do seu recém-nascido pode ser guardado, em nitrogênio líquido, permanecendo, por tempo indefinível, à disposição em futuro longínquo, da criança que acaba de nascer. É provável que as células tronco deste cordão umbilical possam, no decorrer da vida, ter alguma utilidade na renovação ou substituição de tecidos do corpo daquela criança, caso seja necessário tal procedimento. Existe, sem dúvida, um custo para este procedimento biológico, mas como o futuro é impossível de prever-se, guardar o sangue do cordão umbilical é sensato e relativamente de baixo custo para o potencial biológico e médico que poderá ter.


A transformação de células tronco em células que produzem insulina

Pesquisadores renomados, trabalhando em duas equipes, uma nos Estados Unidos e outra no Reino Unido, conseguiram transformar células tronco obtidas de cordão umbilical em células produtoras de insulina. O resultado desta importante pesquisa foi publicado, recentemente, na revista “Cell Proliferation” e oferece uma possibilidade extraordinária para tratamento do paciente diabético dependente de injeções diárias de insulina para se manter em condições normais do metabolismo do “açúcar” do sangue.Os cientistas conseguiram obter de cada cordão umbilical cerca de 500 mil células tronco, as quais, colocadas em meio de cultura apropriada, multiplicavam-se para cem vezes mais o número inicial. Em seguida os pesquisadores trataram estas células tronco com vários ingredientes químicos e biológicos e, finalmente, as células tornaram-se idênticas àquelas células que, no pâncreas humano, produzem insulina.Testou, várias vezes, a presença de insulina no meio de cultura e, sem nenhuma dúvida, as células tronco originais do cordão, tinham se transformado em verdadeiras “fábricas” de insulina.“As tentativas de se transplantar pâncreas ou células pancreaticas humanas, obtidas em doadores vivos ou falecidos têm tido resultados relativamente pouco consistentes e difíceis de serem realizados” comenta um dos cientistas. “É mais fácil e menos problemático injetar as células tronco transformadas em produtoras de insulina nos diabéticos graves do que tentar um transplante de pâncreas ou, alternativamente, transferir células pancreáticas produtoras de insulina.Por outro lado, os cientistas cogitam da hipótese de, ao mesmo tempo em que injetarem células de cordão umbilical produtoras de insulina também utilizarem as células ligadas ao fenômeno de rejeição (células imunitárias) também obtidas do cordão umbilical para permitir a fixação destas células no diabético tipo I, com a possibilidade de contínuo e constante suprimento de insulina.


O futuro para o diabético grave

Estas pesquisas são preliminares, mas sem dúvida, abrem uma nova janela para os milhões de diabéticos insulino-dependente de todo o mundo. É uma nova tentativa de restaurar a função pancreática de produzir insulina. Mais uma vez, se adiciona um bom argumento para que se guarde o sangue do cordão umbilical do recém nascido, pois sem dúvida, novas pesquisas neste setor, irão demonstrar a utilidade excepcional destas células.